Ausculta cardíaca em animais não convencionais

Na rotina dos pets não convencionais, podemos atender um peixe betta, que possui 2g, até uma serpente píton, com 30kg. Cada um desses animais possui sua fisiologia e, consequentemente, uma semiologia diferente. A semiologia é a parte da medicina que estuda os sinais e sintomas, a ciência que ensina como avaliar cada animal à procura de alterações nos diversos sistemas do organismo. Pensando nisso, este texto tem como finalidade discutir sobre as diferenças na ausculta cardíaca dos pets não convencionais.

  1. Peixes, anfíbios e répteis:
    Em peixes, anfíbios e répteis, a ausculta cardíaca por meio de estetoscópios não é indicada, seja para adultos, pediátricos ou mesmo neonatais. Eles pouco conseguem captar as ondas sonoras desses animais. No caso de peixes e animais menores, a única forma de auscultá-los é utilizando um aparelho chamado doppler vascular. Em alguns anfíbios maiores, como as rãs-touro, e répteis, como os crocodilianos e alguns jabutis filhotes, pode-se captar ondas sonoras por meio de estetoscópios neonatais, colocando uma gaze molhada embaixo do estetoscópio. Porém, essa não é a melhor forma, pois os batimentos cardíacos são sutis e baixos utilizando esse equipamento. Nos jabutis, devido ao casco dificultar a ausculta, o doppler pode ser colocado nas partes onde não há carapaça e plastrão, como, por exemplo, entre o membro torácico e a cabeça. Nas serpentes, o coração se localiza no final do primeiro terço do corpo do animal, sendo esse o local para colocar o doppler. Nas outras espécies, o coração costuma se localizar de forma semelhante à dos mamíferos. Esses animais são ectotérmicos, o que significa que seu metabolismo pode variar conforme a temperatura ambiental. Isso significa que, apesar de existirem parâmetros de frequência cardíaca estabelecidos para algumas espécies, essa pode variar bastante conforme a temperatura, de forma que, quanto mais quente o ambiente, maior será a frequência, e vice-versa.

  2. Aves:
    Em aves, mesmo nas mais diminutas, como os pequenos passeriformes de 9g, a ausculta pode e deve ser realizada com um estetoscópio pediátrico, de preferência neonatal. A localização é semelhante à dos mamíferos, podendo ser auscultada do lado esquerdo e direito da região peitoral do animal. Não há muitos segredos, porém, uma dica importante é que, na maioria das aves, não se consegue contar a frequência cardíaca devido à sua rapidez. Recomendam-se aplicativos em que se clica na tela a cada batimento, como o Tap Tempo, facilitando a contabilização.

  3. Mamíferos:
    Nos mamíferos, segue-se a mesma lógica dos pets convencionais, como cães e gatos; porém, a maioria dos não convencionais são animais menores, destacando-se, mais uma vez, a importância de um estetoscópio de tamanho menor. Quanto menor o animal, mais alta será também a sua frequência cardíaca, podendo ser necessários os mesmos aplicativos para contabilizar a frequência.

Você sabia de todas essas diferenças na ausculta desses animais diferentes? Até a próxima!


Redatora:
Aksa Batista

Médica Veterinária de Animais Silvestres e Exóticos

CRMV-PB 02646